Olá, turma!
Sobre os processos de avaliação em EaD, devemos ser precavidos em relação ao que os textos teóricos nos alertam: o perigo de fazer migrar os cacoetes da educação bancária da educação presencial para a modalidade a distância (o que a figura ilustra perfeitamente).
O professor que se depara com a modalidade a distância deve, principalmente, levar em conta que o ciberespaço é um meio dinâmico que não favorece a relação entre aluno e docente em uma via de mão única, do professor ao aluno, este como depósito de conhecimento transmitido por aquele, numa situação unidirecional em que há um agente e um paciente. Essa é uma tragédia das metodologias de ensino que deve ser abolida quando se trata de EaD, é impraticável na modalidade e castra completamente um dos pré-requisitos básicos e essenciais para o seu funcionamento: a autonomia do aluno.
Nesse sentido, é muito provável que o professor vá tolher o aluno na sua inciativa de buscar novos conhecimentos, o que não quer dizer que o aluno vá poder seguir qualquer rumo – o professor estará ali para orientá-lo, para desviá-lo de um caminho tortuoso, para facilitar o acesso entre o discente e o conhecimento como um mediador, que se fará em colaboração.
No nosso caso específico, lamento apenas o fato de nem sempre o tutor poder propor questões de interesse dos alunos nas avaliações, pois o que acontece é que nos conteúdos das aulas o tutor quase não pode interferir, já que elas vêm prontas e com o material para avaliação todo delimitado. As atividades dos portfólios são elaboradas pelo professor conteudista, não dando muita abertura para novas propostas de avaliação por parte do tutor.
Geralmente o sistema de avaliação é coordenado pela instituição, com a quantidade de portfólios, de atividades presencias (provas), chats e fóruns segundo orientações prévias da mesma. O que impede o tutor de apresentar novas propostas e denota a pouca autonomia do mesmo no processo educativo. Portanto, os casos nos quais fui testemunha como tutor do UFC Virtual não davam sentido à discussão aqui proposta no blog, já que não podíamos propor nada diferente daquilo que o sistema formulou. O que é uma pena, pois a ideia é boa e precisa ser repensada nos moldes da UFC Virtual, já que seu modelo de EaD tem sido exemplo para todo o Brasil. Assim, vemos mais uma incoerência transfigurada numa prática falha que precisa ser discutida e superada. Mas onde discutir? Com quem discutir? Quando? São questões que eu gostaria muito de responder, mas não vem ao caso aqui.
Assim como há divergências em relação ao chat como ferramenta de avaliação, há questionamentos em relação ao fórum. Acredito plenamente que o fórum deveria ser uma ferramenta de avaliação, pois, pelo fato de ser uma atividade continuada, através dos retornos que o tutor pode estabelecer com os alunos, os fóruns podem ser de vital importância para a formação. Até porque pode-se orientar, dar a margem que o aluno precisa para corrigir uma postura de inadequação metodológica, teórica, de motivação, de autonomia etc. É um recurso que deixa bem claro que a razão da educação é o conhecimento potencializado em diversas possibilidades, tanto no campo motivacional quanto no teórico, prático, colaborativo e mais. Afinal, o intuito não é punir o aluno com um nota baixa por ele não ter atingido uma "meta", mas possibilitar seu acesso a essa meta. Acho que o fórum como uma ferramenta de avaliação continuada respeita o ritmo diferenciado, individualidade, permite que o aluno revise suas ideias ou desacertos. Assemelha-se mais à maleabilidade que reveste a EaD e também rompe com a cisão entre avaliador e avaliado por ser um processo de múltiplas vias, onde o próprio grupo acaba colaborando para a construção do conhecimento.
O fórum deve ser avaliado, e não só como uma atividade somativa, mas como uma avaliação continuada, formativa. Ele como instrumento de avaliação já contaria, indissociavelmente, como presença. Englobaria duas exigências simultâneas de forma satisfatória.
Apesar de não haver chamada como no ensino presencial, na EaD há também o controle de frequência. Os fóruns contam, assim como os chats, não apenas como participação, mas também como frequência. Inclusive, no UFC Virtual, por exemplo, o limite mínimo de faltas é o mesmo do ensino presencial, havendo até especificações para faltas presenciais e virtuais. Se um aluno tem todas as presenças virtuais, mas não atende à frequência mínima presencial, está automaticamente reprovado, e vice-versa. As chamadas estão nos fóruns, chats e encontros presenciais. Vou até me arriscar a dar a porcentagem: acho que deve ter ao menos 75% de frequência presencial e 75% virtual. Mas não tenho certeza quanto aos números. Então, não é possível o aluno ficar ausente durante toda a disciplina, de repente aparecer para fazer a prova e passar. Se bem que isso vai depender do professor, pois já vi acontecer casos assim no curso presencial.
Em suma, no meu entendimento, as ferramentas existentes são suficientes para uma boa avaliação. O problema está na manipulação desses instrumentos, que, por não estarem abertos à interferência do tutor de forma significativa, acabam se tornando elementos restritivos de uma pedagogia transmissiva. Por exemplo, se o fórum está previsto pelo sistema como uma atividade para contabilizar presenças, o tutor não poderá usá-lo com outro enfoque. O que falta é quebrar a soberania da programação, dar poder de decisão ao tutor, que, muito provavelmente, será a pessoa mais capacitada (por estar mais próxima à turma) para saber como conduzir esses recursos. Portanto, a sugestão maior ficaria por conta dessa maior autonomia do tutor e acho que seria válido reforçar orientações para que o fórum deixasse de ser utilizado somente como frequência e passasse a ser também uma forma de avaliação formativa, continuada.
Oi Fúlvio, muito bacana sua postagem, especialmente o fial de seu texto.
ResponderExcluirApoio, e com força, viu!
Abraços,
Marcia.